quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Tratado sobre a privacidade materna (ou a falta dela)

Você gosta de privacidade, de ficar um tempo sozinha, de ficar quieta no seu canto por um tempo?
Então não tenha filhos.

Estou sendo um tanto radical, eu sei. Mas o fato é que depois que nos tornamos mães dificilmente conseguimos ter privacidade, nem 5 minutos que seja. Se você não é mãe vai me perguntar: por quê? Por que no vocabulário dos filhos você não tem o direito de ir sequer ao banheiro sozinha sem ser incomodada.

Tá achando que eu estou brincando? A tal privacidade antes tão idolatrada começa a desaparecer ainda durante a gravidez! Acha que estou exagerando né? Não, eu não estou. Acompanhe meu raciocínio: Você acabou de descobrir que está grávida e toda feliz corre pro médico pra ver se o baby está bem e se o coração dele é forte que nem um touro. Aí, sem a menor cerimônia, com pressa e sem a menor paciência, o tal doutor coloca um aparelho lá nas tuas partes baixas para fazer o tal exame! Sim, minha flor, lá se foi o seu pudor e todo o seu recato por água abaixo. E nada de jantarzinho, vinho ou preliminares não, no máximo uma meleca lubrificante, e dê-se por satisfeita.

Passado o susto inicial você acredita que agora nunca mais vai precisar passar por esse sufoco e que isso foi só no primeiro exame. Bobinha, durante o pré-natal inteiro, em longuíssimos 9 meses (ou 40 semanas como preferem os médicos) são exames infindáveis, toques nos mais estranhos lugares, apalpações e apertões nos peitos, medições de dilatação de todo tipo. Chega o dia do nascimento e você perderá a conta de quantos médicos e enfermeiras farão "o toque" para saber se já está na hora. Já na mesa de parto a coisa tende a piorar, porque aí não é mais só um médico e sim vários, toda uma equipe te mandando fazer força e empurrar pra sair. Você ali de perna arreganhada, com toda a sua intimidade jogada no lixo (ou melhor na cara do cidadão), com uma dor do cacete infernal e ele mandando você empurrar e fazer força. Fora os comentários dos outros médicos e enfermeiras sobre a dilatação e tal (juro que ouvi um médico dizendo que era pra fazer força como se fosse fazer cocô ou foi por conta do esforço? Vai saber, né?)

Daí o bebê nasce, você tem que amamentá-lo e você não manda na fome do seu bebê. Quando ele quer mamar tem que ser já, não interessa se você está em casa, no escuro do seu quarto ou no meio da rua. Lá vai mais um pudor pro lixo: peito pra fora na frente de todo mundo e que se dane afinal você já está cheirando a leite azedo, despenteada e sem dormir há dias, o que tem de mais se virem teus fartos seios, eles não durarão a vida toda, né? Aproveita e faz caridade pra população!

Então nunca mais você terá um banho sossegada, nem irá ao banheiro sem um choro de bebê ou uma criança trazendo os mais diversos brinquedos e te tirando a concentração.
Você só consegue se "concentrar" pro número 2 se estiver sozinha? Esqueça ou nunca tenha filhos. Afinal isso nunca mais vai ser possível.

Trancar a porta do banheiro? Jamais, nunca, nunquinha. Sabe chute de MMA? É isso que vai acontecer na tua porta se você ousar trancá-la com a criança do outro lado!

Tem também as famosas perguntas aos berros pelo apartamento: ManhêÊÊÊÊ... o que você tá fazendo no banheiro??
Você não responde, finge que não ouviu. A criança insiste: ManhÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ, você tá fazendo xixi ou cocô????
Sabendo que ele não vai parar enquanto você não disser, você responde bem baixinho e ele prontamente vem correndo: Deixa eu ver? E ainda dá tchau!

Sentiu o drama? Pois é.

Sabe aquele banho relaxante que você adorava tomar pra ir dormir tranquila e faceira? Agora imagine relaxar com uma criança entrando no banheiro a cada 2 minutos pra perguntar as mais variadas coisas? Visualizou? Na terceira entrada ele então decide que quer fazer cocô e fica lá conversando com você sobre diversos assuntos ou cantando o novo sucesso da Galinha Pintadinha que você já ouviu trilhões de vezes. Terminado o serviço, limpa o bumbum e grita: Manhê, vê se tá limpo? Ou pior, pede pra você limpar e você tem que sair no meio do banho, se enrolar na toalha e ir lá limpar.

Relaxou?

Ser mãe é nunca mais ter um minuto sequer de privacidade e simplesmente amar saber que jamais estará sozinha novamente.


Bjinhos
Ale
;o)

PS: Estou voltando, meninas! Eu sei que o blog está abandonadinho, mas prometo escrever com mais frequência! ;)


5 comentários:

Vanessa Karla disse...

Ale..ri do começo ao fim, falo todo dia, "será que não posso tomar um café sossegada?", "será que posso ir ao banheiro sossegada?".. mas que nada, eles nem me ouvem e será assim por longos anos..AMEI!!
Bjss

Alessandra Pilar disse...

Não é, Va?
Menina, eu achei que quando ele crescesse um pouquinho as coisas íam melhorar, mas não é que ainda não aconteceu isso? Banho é uma coisa impossível de tomar sossegada quando o Chico está em casa! Espero que com o passar dos anos as coisas melhorem um pouco! hahaha

bjão e obrigada por vir aqui sempre!
Ale

Thatá disse...

Perfeitooooo!Eu aqui como meu de 1 ano, não consigo nem fazer um xixi inocente sem ouvir um chororô...que dirá o número 2...rsrs!
Bjs!

Alessandra Pilar disse...

Olá Thatá!

Que bom que veio e comentou! Adoro quando vocês comentam. Menina, é um sufoco né? Mas várias mães estão me dizendo que isso vai melhorar. Vamos acreditar né? hehe
bjinhos
Ale

Anônimo disse...

Sabe, apesar de eu ser contra bater em crianças hj minha filha de 4 anos aprontou até... e não aguentei bati forte no bumbum dela.. Me senti um lixo claro e fui chora ,claro,depois que ela dormiu..hehehe dae achei seu blog na net e parece que era tudo que eu estava precisando ler pra lembrar que apesar das situações difíceis os momentos de felicidades com um filho sao únicos. Obrigada e seu blog é otimo!!!Continue escrevendo!

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